Por Clara Ayres

Hoje vi uma postagem no Instagram de uma carta escrita por uma mulher em seus momentos finais, antes de partir por um câncer. Entre o conteúdo da mensagem, um trecho dizia: “…escolher o caminho tem esse desfecho: de acertar ou errar. E errar tem o aprendizado, só o erro traz essa graça de aprender e mudar. Não aprendemos com os erros alheios, infelizmente. Os acertos infelizmente também não trazem esse conhecimento todo, por ironia…”

Achei tão profunda essa reflexão, da qual dá para tirar muitas outras. Uma delas, que me faz concordar com o texto, é a ideia de que acertar ou errar é resultado de uma liberdade, a liberdade de escolher. Lembro-me da conhecida frase de Viktor Frankl: “Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.” Sim, diante de qualquer situação, temos sempre diante de nós a soberania de escolher como lidar com a alegria, a dor, o medo, a tristeza, a dificuldade, a conquista. E o resultado dessa escolha, inevitavelmente, está entre acertar ou errar.

A autora da carta ainda nos dá mais. Ela diz que só o erro é capaz de nos fazer aprender e mudar. Será? Em grande parte é uma verdade. As mudanças são pródigas em aprendizados e, para quem estiver desperto na vida, nada mais eficaz para o aprendizado do que um erro. Mas, vale apontar, nem todo erro se torna aprendizado; e saber essa verdade dispara nos mais comprometidos uma sirene de alerta, uma atenção especial para que não se perca a oportunidade de conhecimento que a vida oferece. Nesses casos, uma sugestão é que seja feita uma afirmação interior: “Errei aqui, preciso me corrigir, preciso me perdoar e não vou me culpar. Vou é entender o que a vida em sua magnificência me propõe aprender. E vou colocar em prática”.

Então, sim, erros, tristezas, decepções, medos, traumas, incômodos estão aí para nos fazer aprender. Tenho visto isso na minha própria vida, é o aprender na dor. Mas penso que os acertos (e igualmente os erros dos outros) podem da mesma forma ter muito a nos ensinar. Acredito, sim, que se pode aprender também no amor.

Diante disso tudo, a verdade é que nem sempre é fácil ter clareza do ensinamento. Não, não é mesmo. Mas aprender é um exercício diário, que sempre se repete, mas nunca te deixa o mesmo. Outro dia vi uma frase: “A dor do treino é o melhor alívio para o atleta”. É isso. Por analogia, o treino diário de aprendizado nos prepara cada vez mais para o jogo da vida, traz maturidade, autoconfiança, serenidade, paz interior e fé.

Por fim, mais uma frase que ouvi essa semana: “A nossa vida é uma janela de tempo dada por Deus”. Façamos, pois, desse tempo o mais digno, o mais edificante, o mais meritório. Entre acertos e erros, subamos cada dia um degrau acima na espiral da nossa evolução genuína.

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